Talvez em uma primeira visão de “A Concepção” se possa ficar incomodado por uma certa falta de originalidade por parte do diretor José Eduardo Belmonte. Afinal, saltam aos olhos uma série de referências cinematográficas ao se assistir o filme: das produções políticas de Godard nos anos 60 até os preceitos radicais do movimento Dogma 95. Nesse último caso, encontramos semelhanças até mesmo no roteiro da obra de Belmonte com o brilhante “Os Idiotas” de Lars Von Trier. Apesar de tais referências, entretanto, num olhar mais atento se pode perceber também uma procura da parte de Belmonte por uma linguagem própria e mais desafiadora das convenções cinematográficas. Essa busca do cineasta acabou gerando um dos exemplares mais instigantes do cinema nacional dos últimos anos.
Gostando ou não de “A Concepção”, a verdade é que não se consegue ficar impassível ao filme. Logo na sua abertura, temos algumas tomadas de Brasília que fazem a mesma parecer realmente uma cidade de outro mundo, sendo que bruscamente entra em cena uma perseguição de policiais atrás de jovens que correm pelados em um prédio residencial. Aliada a tais cenas, há uma narração seca e irônica por parte de Lino (Milhen Cortaz) que em nenhum momento cai para o literário empolado e que faz um complemento admirável com as imagens que se vê na tela.
Com o desenrolar da trama, Belmonte desenvolve uma narrativa pouco linear, em que passado e presente se entrecruzam sem cerimônia. Ao mesmo tempo, insere imagens em tons granulados, dando ao filme em algumas seqüências um tom delirante. Esse jogo de tempo e de imagens até tornam o filme um pouco confuso em alguns momentos, mas ao mesmo tempo tem um impacto sensorial considerável. Colabora também para isso o original trabalho de edição e trilha sonora de “A Concepção”.
De se destacar ainda o elenco do filme, em perfeita sintonia com o espírito da coisa, com destaque óbvio para Matheus Nachtergaele, naquela que é a sua interpretação mais intensa já feita no cinema. Mesmo resvalando em alguns momentos para alguns trejeitos tipicamente teatrais, ele transforma X, o personagem catalisador de todas as loucuras de “A Concepção”, em um verdadeiro dínamo. Indo de momentos de pura filosofia delirante até a loucura extrema, Nachtergaele cria um dos personagens mais marcantes da cinematografia nacional recente.
Gostando ou não de “A Concepção”, a verdade é que não se consegue ficar impassível ao filme. Logo na sua abertura, temos algumas tomadas de Brasília que fazem a mesma parecer realmente uma cidade de outro mundo, sendo que bruscamente entra em cena uma perseguição de policiais atrás de jovens que correm pelados em um prédio residencial. Aliada a tais cenas, há uma narração seca e irônica por parte de Lino (Milhen Cortaz) que em nenhum momento cai para o literário empolado e que faz um complemento admirável com as imagens que se vê na tela.
Com o desenrolar da trama, Belmonte desenvolve uma narrativa pouco linear, em que passado e presente se entrecruzam sem cerimônia. Ao mesmo tempo, insere imagens em tons granulados, dando ao filme em algumas seqüências um tom delirante. Esse jogo de tempo e de imagens até tornam o filme um pouco confuso em alguns momentos, mas ao mesmo tempo tem um impacto sensorial considerável. Colabora também para isso o original trabalho de edição e trilha sonora de “A Concepção”.
De se destacar ainda o elenco do filme, em perfeita sintonia com o espírito da coisa, com destaque óbvio para Matheus Nachtergaele, naquela que é a sua interpretação mais intensa já feita no cinema. Mesmo resvalando em alguns momentos para alguns trejeitos tipicamente teatrais, ele transforma X, o personagem catalisador de todas as loucuras de “A Concepção”, em um verdadeiro dínamo. Indo de momentos de pura filosofia delirante até a loucura extrema, Nachtergaele cria um dos personagens mais marcantes da cinematografia nacional recente.
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