Se em “A Casa dos 1000 Corpos” Rob Zombie reciclava os filmes de horror e suspense dos anos 70, em “Rejeitados Pelo Diabo” ele vai ainda mais longe. Além dos gêneros citados, há ainda influência dos filmes policiais de Don Siegel e Willian Friedkin, os faroestes de Sam Peckinpah, dos dramas tenso de Scorsese, ou seja, o melhor do cinema setentista sob a visão insana e genial do Zombie. O resultado dessa junção de estilos e gêneros é uma obra única e devastadora.
Desde os seus primeiros fotogramas, percebe-se que Zombie oferece para cada cena de “Rejeitados Pelo Diabo” uma concepção épica. A fotografia suja e a montagem precisa, bem distante daquela concepção de video clip de algumas seqüências de “A Casa dos Mil Corpos”, fazem do filme uma verdadeira viagem sensorial. Zombie se mostra como um cineasta com um domínio impressionante de sua arte. Os enquadramentos revelam um cuidado obsessivo na criação de ambiências. A evolução da narrativa oferece uma crescente tensão a níveis impressionantes, colaborando para isso também uma trilha sonora adequadamente opressiva.
Esse formalismo violento e expressivo do cineasta também se estende para uma trama que conquista o espectador pelo seu radicalismo e coerência. Zombie manda para o inferno as noções “normais” de mocinho e bandido. No seu mundo, não existe a noção de bem e mal ou certo e errado. Em “Rejeitados Pelo Diabo”, temos uma família de psicopatas altamente sádicos e brutais (Sid Haig, Bill Moseley e Sheri Moon Zombie em desempenhos inesquecíveis) perseguida por um xerife (William Forsythe na interpretação da sua vida) tão demente quanto os mesmos. Uma das coisas fantásticas nisso tudo é que Zombie é fascinado pelos seus personagens. Todos têm um estranho e envolvente carisma, mesmo quando estão executando as mais perversas barbaridades. Ao mesmo tempo, nunca se perde a noção que não há redenção para nenhum deles. Dessa forma, o final com os foragidos sendo baleados impiedosamente pela polícia ao som da clássica “Free Bird” do Lynyrd Skynyrd chega a ter um tom poético fabuloso.
A realidade é que se eu fosse narrar todas as cenas antológicas de “Rejeitados Pelo Diabo” acabaria ficando horas e horas escrevendo. E se o filme impressiona pela quantidade absurda de seqüências maravilhosamente dirigidas, mais brilhante ainda é a capacidade de Zombie de ter dado uma unidade admirável para essa loucura, resultando numa das grandes obras primas dessa década e de toda a história do cinema.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
“Rejeitados Pelo Diabo” – de Rob Zombie ****
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