A influência da Nouvelle Vague presente no filme “Em Paris” não se limita a uma branda influência estética. O que o cineasta francês Christophe Honoré busca no referido movimento cinematográfico é uma liberdade criativa típica de boa parte das produções daquela época (anos 50 e 60), na procura de uma linguagem artística que fuja das amarras de simplesmente “contar uma boa história”. “Em Paris” traz uma série de elementos que podem ser interpretados como homenagens a filmes clássicos, mas que também representam detalhes ousados na sua particular concepção: a trilha sonora jazzística remete a música cool de Miles Davis em “Ascensor ao Cadafalso”, a seqüência de diálogos musicados entre Paul (Romain Duris) e Anna (Joana Preiss) nos traz a mente “Os Guardas-Chuva do Amor”, os toques de metalinguagem na narrativa e a interpretação antinaturalista de Louis Garrel evocam Godard, a crueza no retratar as relações humanas revelam a presença de Truffaut pairando sobre o filme. A junção desses elementos, entretanto, não é gratuita e nem forçada. Honoré combina com brilhantismo todos esses detalhes e forja um estilo único e pessoal. “Em Paris” apresenta uma dinâmica narrativa e uma pungência emocional impressionantes, fazendo de Christophe Honoré um dos nomes mais destacados da atual cinematografia francesa.
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