À princípio, a sinopse de “Sargento Getúlio” (1983) pode fazer supor que o filme se trata de um road movie de aventura pelo sertão nordestino. A obra tem os seus momentos de tiroteios eletrizantes, mas os seus caminhos são outros. A viagem e a aventura vividas pelo personagem título não são apenas físicas, mas, principalmente, sensoriais e simbólicas. As áridas paisagens que compõem a fotografia e a montagem quase febril fazem da jornada do protagonista uma descida aos infernos de uma agreste e soturna alma brasileira. Getúlio (Lima Duarte) vive em permanente conflito contra forças que ele nem mesmo entende direito, apegando-se apenas em suas próprias convicções, num misto de obscurantismo e filosofia quase mística. Levar o prisioneiro até o seu destino final não é apenas cumprir a missão inicial, mas também uma forma desesperada de se apegar a um passado que já está transformado.
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