O cineasta francês Michel Gondry já havia demonstrado um talento extraordinário no sensacional “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” (2004) na combinação de elementos insólitos e esquisitos num filme sem cair para os excessos experimentais. Em “Rebobine, Por Favor” (2008), ele volta a mostrar as mesmas qualidades em uma obra que beira o surreal. A fotografia granulada, os enquadramentos falsamente amadores, a trama que envereda seguidamente pelo absurdo, a narrativa que vai fluindo quase que por improviso e um elenco que se utiliza de caracterizações impressionistas e exageradas formam um conjunto instigante e encantador. A idéia de fazer dois amigos avoados (Mos Def e Jack Black) recriarem em condições precárias, mas com muita paixão, uma série de filmes famosos não necessariamente clássicos pode inicialmente parecer uma mera paródia, mas com o tempo vai se revelando uma pungente declaração de amor ao cinema. No terço final, “Rebobine, Por Favor” até apresenta uma certa queda para o convencional e chega a ter uma conclusão que raspa no edificante. Isso não o invalida, entretanto, como uma das produções mais marcantes que passaram pelos cinemas em 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário