Já ouvi comentários dizendo que “Os Famosos e os Duendes da Morte” comporia junto com “As Melhores Coisas da Vida” e “Antes Que o Mundo Acabe” uma espécie de trilogia involuntária de produções nacionais de 2010 a versarem sobre as agruras da adolescência. A semelhança entre tais produções, entretanto, é puramente temática. Até porque fazer filmes sobre o universo juvenil não é uma novidade na história do cinema. O tratamento formal de “Os Famosos...” é bem diverso das obras mencionadas. O primeiro longa-metragem de Esmir Filho é bem mais inquietante e ousado em termos estéticos, ainda que por vezes caia numa certa afetação “artística” e estéril. Seu grande mérito é traduzir esse pretenso olhar juvenil na própria concepção formal do filme. A visão de mundo dos personagens jovens é confusa e oscilante, o que se reflete numa narrativa difusa e “quebrada”, e que em algumas oportunidades combina habilmente realidade e delírio. Tal dualidade é acentuada pela fotografia que manipula com criatividade tons granulados ou até mesmo levemente desfocados ou distorcidos. De se destacar também algumas cenas que apresentam um inesperado senso de humor, principalmente aquela do parco diálogo entre o protagonista Sr. Tamborim (Henrique Larré) com os seus avós que mal falam o português. O tom lamentoso do roteiro e a embalagem indie de algumas sequências podem dar a impressão que o filme seja dirigido a uma platéia específica, mas por mais que isso seja um incômodo, é inegável também que faz com que “Os Famosos e os Duendes da Morte” capte com considerável fidelidade o espírito de uma época, o que não deixa de ser elogiável.
2 comentários:
Tá difícil encontrar esse filme. Aliás, como é difícil encontrar filmes nacionais nesses sites de download! Quero muito ver...
Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com
Ah, fiquei sabendo essa semana que este filme foi lançado em DVD!
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