quinta-feira, janeiro 06, 2011

72 Horas, de Paul Haggis ***


Sempre achei “Crash – No Limite” (2004), a oscarizada obra de estréia de Paul Haggis como diretor, um filme superestimado. Com uma concepção formal de comercial de sabonete e uma narrativa mosaico influenciada de forma pálida por Robert Altman, aliadas a uma trama pretensamente questionadora dos valores da sociedade ocidental (mas com uma sutileza de elefante numa loja de cristais), a produção acabou se tornando até referência no cinema contemporâneo. Desprovido deste “hype” e de estéreis afetações estéticas e temáticas, “72 Horas” (2010), filme mais recente de Haggis, apresenta uma linguagem cinematográfica mais apurada. Girando em torno de um gênero bem definido (produções sobre fugas de prisão), o diretor constrói uma obra de constante tensão que trafega com desenvoltura em uma ambientação de drama familiar com tinturas melodramáticas até o estilo policial, com direito a cenários soturnos e cenas impactantes de violência. Haggis ousa também nas sequências de ação com um preciso trabalho de edição, com destaque absoluto para os momentos com Liam Neeson em cena, na pele de um especialista em fugas da prisão, em que a montagem encaixa a narração classuda deste último com tomadas do personagem de Russel Crowe colocando em prática os ensinamentos de seu “mestre”.

Um comentário:

pseudo-autor disse...

Eu também achei esse superior a Crash. Na verdade, dos filmes que o Haggis dirigiu até agora foi o melhor. E o Crowe está fantástico mais uma vez.

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http://culturaexmachina.blogspot.com