quinta-feira, janeiro 13, 2011

Abutres, de Pablo Trapero ***


A exemplo de outros filmes recentes no cenário argentino, “Abutres” (2010) procura equacionar uma temática social dentro de um gênero tradicional como o policial. Desta forma, há uma certa queda do cineasta Pablo Trapero pelo registro naturalista, quase documental, em algumas tomadas do filme. Em outros momentos, há um lado intimista em “Abutres” que é bastante explorado, enfatizando-se os conflitos e dilemas existenciais/amorosos dos protagonistas Sosa (Ricardo Darin) e Luján (Margina Gusman). Essa diversidade nos tratamentos estéticos e temáticos no filme é que lhe dão um aspecto despersonalizado, com a impressão de Trapero atirando para todos os lados. “Abutres” realmente engrena na sua metade final, quando o foco passa a ser primordialmente a de uma trama policial. A produção afunda o pé na jaca em termos de violência, ação e ambientação sórdida, como todo bom exemplar do gênero. Trapero estabelece com competência um clima de permanente tensão e desespero, além de coreografar de forma marcante cenas envolvendo colisões, atropelamentos, tiroteios e espancamentos, conseguindo fazer de Darin um legítimo anti-herói carismático e azarado, que não consegue passar 15 minutos sem ser arrebentado por alguém (como manda a boa tradição dos personagens principais de películas noir).

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