Ao mostrar em sua trama o conturbado romance entre uma européia
idosa (Geraldine Chaplin) em longas férias na República Dominicana com uma
jovem prostituta nativa, a produção “Dólares de areia” (2014) revolve velhos
dilemas existenciais e artísticos já visitados em outras obras cinematográficas
ou mesmo literárias – a da relação conflituosa entre a decadência física da
velhice e o vigor imaturo da juventude, e, por tabela, do misto de cerebralismo
e romantismo melancólico típicos do Velho Mundo e a misteriosa e difusa
sensualidade e a moralidade dúbia inerentea às “colônias”. A atemporalidade
dessa temática não encontra um tratamento formal à altura no filme dos
diretores Israel e Laura Amelia Guzmán. Ainda que por vezes surja algum rasgo
estético interessante, o que predomina é uma narrativa previsível e sem maiores
arroubos criativos. Claro que é de se admirar uma certa atmosfera de sobriedade
e distanciamento emocional que permeia a obra em questão. Nada, entretanto, que
cative o público de forma mais efetiva. No final das contas, o grande trunfo de
“Dólares de areia” é contar no elenco com Geraldine Chaplin: atriz de recursos
dramáticos expressivos, ela faz com que até mesmo cada ruga de velhice de suas
feições ganhe uma conotação simbólica bastante forte ao denotar angústia e
frustração. Sua elegante atuação oferece uma centelha de transcendência artística
para o filme.
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