segunda-feira, maio 11, 2015

Dólares de areia, de Israel Cárdenas e Laura Amelia Guzmán **1/2


Ao mostrar em sua trama o conturbado romance entre uma européia idosa (Geraldine Chaplin) em longas férias na República Dominicana com uma jovem prostituta nativa, a produção “Dólares de areia” (2014) revolve velhos dilemas existenciais e artísticos já visitados em outras obras cinematográficas ou mesmo literárias – a da relação conflituosa entre a decadência física da velhice e o vigor imaturo da juventude, e, por tabela, do misto de cerebralismo e romantismo melancólico típicos do Velho Mundo e a misteriosa e difusa sensualidade e a moralidade dúbia inerentea às “colônias”. A atemporalidade dessa temática não encontra um tratamento formal à altura no filme dos diretores Israel e Laura Amelia Guzmán. Ainda que por vezes surja algum rasgo estético interessante, o que predomina é uma narrativa previsível e sem maiores arroubos criativos. Claro que é de se admirar uma certa atmosfera de sobriedade e distanciamento emocional que permeia a obra em questão. Nada, entretanto, que cative o público de forma mais efetiva. No final das contas, o grande trunfo de “Dólares de areia” é contar no elenco com Geraldine Chaplin: atriz de recursos dramáticos expressivos, ela faz com que até mesmo cada ruga de velhice de suas feições ganhe uma conotação simbólica bastante forte ao denotar angústia e frustração. Sua elegante atuação oferece uma centelha de transcendência artística para o filme.

Nenhum comentário: