quinta-feira, maio 14, 2015

Noite sem fim, de Jaume Collet-Serra **


Até dá para sentir que o diretor Jaume Collet-Serra procura dar um toque autoral em “Noite sem fim” (2015), recheando a narrativa com truques de edição, falsos planos-sequência e trucagens digitais. No contexto geral, entretanto, tais floreios estéticos acabam soando supérfluos e mesmo contraproducentes para o filme. Faltou à obra uma construção de atmosfera de tensão mais consistente e uma encenação de concepção menos óbvia para que a produção tivesse uma efetiva densidade dramática que cativasse a plateia. Por mais que o roteiro delineie uma história que deveria se mostrar sufocante para os seus principais personagens, a verdade é que as resoluções para os dilemas da trama são banais e fáceis demais. Quando o protagonista Jimmy Conlon (Liam Neeson) decide se livrar de vez do antagonista Shaw Maguire (Ed Harris) e seu bando, por exemplo, faz isso com uma facilidade constrangedora, como se ele fosse um super-homem antes adormecido. Collet-Serra parte de um conceito equivocado para realizar uma obra do gênero policial: que para realizar esse tipo de filme, basta atrolhar a trama de perseguições automobilísticas épicas e de tiroteios sem fim. O resultado dessas escolhas do cineasta resulta em pura irrelevância. Trabalhos recentes e extraordinários dentro do mesmo gênero como “Tudo por justiça” (2013) e “O ano mais violento” (2015) dispensam esse tom frenético e apostam em formalismo contido, ambientação sóbria e roteiro mais complexo, e acabam se mostrando muito mais eficientes e memoráveis.

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