terça-feira, maio 19, 2015

Mad Max: A estrada da fúria, de George Miller ****

Assistir à “Mad Max: A estrada da fúria” (2015) leva a uma inevitável questão: “O que aconteceu com os filmes de ação?”. Isso porque os vários momentos epifânicos dessa aventura mais recente do clássico personagem criado por George Miller mostram como um filme de aventura pode ser tão catártico. E não se trata de mera reciclagem ou nostalgia oitentista. O que Miller faz é enquadrar o seu característico de filmar e editar tão bem azeitado nas outras produções da série dentro da atual estrutura tecnológica de trucagens, sem que com isso despersonalize suas concepções particulares. E o resultado é estrondoso em termos sensoriais, de cair o queixo mesmo. Ao contrário do “visionário” Zack Snyder e derivados, Miller não se esconde atrás de truques baratos para camuflar incompetência de concepções formais equivocadas. Sua encenação é dinâmica, por vezes até delirante, mas sempre preservando clareza e detalhismo visuais impressionantes. Além disso, a atmosfera sórdida e suja de um cenário distópico de pós-apocalipse é mais do que convincente – é efetivamente perturbadora e quase palpável pelo fenomenal trabalho de direção de arte. O roteiro é exemplar na caracterização de situações e personagens, dando-lhes tanto real densidade dramática quanto uma bem vinda carga de ironia perversa. A trama carrega um teor simbólico extraordinário, através de uma visão ácida sobre a relação entre religião e opressão política e ainda por saber valorizar e preservar carga mítica que a forte figura de Max (Tom Hardy) representa. Diante de todos esses acertos de “Mad Max: A estrada da fúria”, dá até para dizer que o filme de Miller se torne paradigmático para o gênero ação, evidenciando como obras recentes como “Velozes e furiosos 7”, “Noite sem fim” e “Vingadores: A era de Ultron” podem ser tão frustrantes em suas concepções equivocadas.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Chupa essa fãs de Velozes e FURIOSOS