sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Diplomacia, de Volker Schlöndorf ***

A princípio, “Diplomacia” (2014) pode parecer um tradicional thriller de guerra envolvendo planos nazistas ardilosos e ações heroicas para evitar que tais maquinações se concretizem. Sua estrutura narrativa envolve viradas pontuais na trama e sequências de aventura com explosões, tiros e alguma correria. Ocorre, entretanto, que por trás das câmeras está Volker Schöndorf, um dos autores mais expressivos a aparecer no cinema alemão nas últimas décadas. Assim, perpassa no filme em questão um forte tom reflexivo em cenas cruciais. O cerne dramático da produção está no enfrentamento por diálogos entre um general alemão e um diplomata sueco. Nesse embate verbal, deverá ser decidido se Paris deverá ou não ser destruída antes da retirada das tropas alemãs mediante o avanço das forças aliadas. Por ser baseado em fatos reais, é claro que o desfecho da história é previsível. O que torna esse duelo tão tenso e magnético é a encenação precisa de Schlöndorf, as bem delineadas interpretações de Niels Arestrup e André Dussollier e o rigor textual do conteúdo dessas conversas, repletas de verve, espirituosidade e notáveis referências históricas e intelectuais. A origem teatral do texto se adequa de forma convincente no formato cinematográfico e preserva de forma notável sua forte carga humanista, fazendo de “Diplomacia” um contundente libelo contra a intolerância nacionalista e étnica, temática essa, aliás, muito em sintonia com os conturbados tempos atuais.

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