segunda-feira, fevereiro 01, 2016

Pai em dose dupla, de Sean Anders ***

O cineasta e roteirista norte-americano Sean Anders vem atrelando seu nome com frequência no gênero comédia. Se com o ótimo “Sex drive – Rumo ao sexo” (2008) ele tinha chamado atenção de forma positiva, no fraco “Quero matar meu chefe 2” (2014) acabou despertando desconfianças em relação ao seu talento. Com “Pai em dose dupla” (2015), Anders volta à boa forma. Talvez a companhia tenha facilitado isso – tendo na coprodução Adam McKay, o grande nome da comédia norte-americana contemporânea, e como protagonista Will Ferrell, Anders consegue fazer uma boa combinação entre o humor físico exagerado e beirando o escatológico com boas sacadas críticas em relação à sociedade dos Estados Unidos. Ele não tem o mesmo gênio criativo de McKay no sentido de conseguir extrair uma comicidade alucinada que faz tudo tangenciar o surreal, mas ainda assim o seu filme tem alguns momentos bem memoráveis. Por trás de um roteiro previsível e estruturado dentro de uma lógica moralista, a obra consegue apresentar uma visão irônica sobre a família e as concepções machistas habituais na sociedade ocidental. No subtexto do mote principal do roteiro que seria o conflito pelo afeto de duas crianças entre seus respectivos pai (Mark Wahlberg) e padrasto (Ferrell) há uma contraposição entre aquele que é o típico cidadão norte-americano e a projeção do machão durão que todos querem ser. Fazendo boa parte das gags visuais e dos diálogos girar em torno dessa dissecação do imaginário do homem contemporâneo, “Pai em dose dupla” tanto é uma boa reflexão sobre a hipocrisia e o ridículo nas convenções sociais quanto uma eficiente comédia na capacidade de extrair algumas sequências realmente engraçadas.

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