A primeira referência que vem à cabeça ao assistir “La Pivellina”, produção italiana de 2009, pode parecer óbvia demais, mas o fato é que tal filme remete bastante a estética neorealista, tanto no seu aspecto temático quanto no formal. A trama do filme é simples e de forte conteúdo social: por um acaso do destino, um casal de artistas mambembes acaba ficando com o encargo de cuidar de uma menina de dois anos que foi abandonada temporariamente pela mãe. A narrativa é episódica, mostrando pequenos e corriqueiros eventos da rotina dessa família improvisada, e acaba funcionando como um retrato áspero da rotina das camadas menos favorecidas da sociedade italiana. Os diretores Tizza Covi e Rainer Frimmel privilegiam um estilo de filmar de câmera na mão e com imagem granulada, quase como se fosse um documentário. Sua forma econômica de encenar esse pequeno drama, entretanto, está muito longe de ser precária. Os enquadramentos e a edição são eficientes, causando empatia e interesse ao espectador em relação ao desenrolar da história. Outro trunfo de “La Pivellina” é a impressionante atuação da pequena Ásia Crippa no papel da garotinha abandonada – seu naturalismo faz até supor que a menina não esteja interpretando, e sim que realmente esteja acreditando que aquilo que está acontecendo na tela seja verdadeiro.
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