quarta-feira, maio 26, 2010

A Mulher Sem Cabeça, de Lucrecia Martel ***


O grande mérito no cinema da diretora argentina Lucrecia Martel não está exatamente na elaboração da ação de seus filmes, mas sim na sua capacidade de criar tensão. Ao longo das tramas, poucos elementos aparecem durante a narrativa, mas é justamente nessa economia estética que reside o suspense, aspecto fundamental para Martel. Até o momento, o topo criativo dessa particular proposta criativa da cineasta está no sensacional “Menina Santa” (2004). Mesmo assim, “A Mulher Sem Cabeça” (2007), filme mais recente de Martel, conserva bastante do melhor do seu cinema. A partir da premissa de uma dentista (Maria Onetto) que atropela, supostamente, um cachorro na estrada e entra em um permanente processo de dúvida em relação ao que ocorreu, é estabelecido um cenário de crescente incerteza, não só para a protagonista como para o próprio espectador. Ao invés de um cachorro, não foi uma pessoa que ela atropelou? Será que tudo não passou de um delírio? Ou há uma conspiração silenciosa e invisível para acobertar os fatos? Para Martel, não interessa mostrar ao espectador uma resposta definitiva para essas questões. O que interessa é o mistério, mesmo que ele fique eternamente insolúvel. E no final das contas, a diretora parece se indagar: e quem se importa com isso?

Um comentário:

pseudo-autor disse...

Estou devendo uma conferida a esse filme. Tenho ouvido muitas críticas excelentes a essa produção. Aliás, impressionante o momento que vive o cinema argentino! Já viu O Segredo dos seus olhos, do Campanella? Se não viu, corra! Não sabe o que está perdendo.

Cultura? O lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com