As imagens granuladas, os enquadramentos rústicos e a edição oscilante presentes em “O Espaço em Branco” (2009) não são meras escolhas estéticas gratuitas da diretora Francesca Comencini. Na verdade, estão em perfeita sintonia com a temática dessa produção italiana que reflete o quotidiano dissoluto de María (Margherita Buy), uma professora quarentona imersa numa rotina de festas noturnas, sexo e álcool, e que acaba surpreendida com uma gravidez inesperada. O fato realmente inesperado, entretanto, ocorre quando ela tem um parto prematuro, o que faz com que ela fique em um novo momento de expectativa para ver se a sua filha sobreviverá. A partir desse momento, a narrativa parece se tornar cada vez menos difusa, como se refletisse a vontade da protagonista em organizar o caos de sua vida. Comencini tem o mérito de conciliar de forma eficiente uma gama considerável de estilos que variam entre o naturalismo e o delirante, acertando também na escolha de Margherita Buy para o papel principal, cuja atuação impressiona pela crueza com que expõe os sentimentos de sua personagem.
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