O que incomoda em “As Melhores Coisas do Mundo” (2010) é o tom de didatismo e deslumbramento que permeia o filme. O roteiro parece querer explicar como são os costumes e conflitos dos adolescentes classe média contemporâneos, em um olha misto de pai coruja com pesquisador do National Geographic. O resultado acaba sendo uma visão que beira a idealização, com personagens e conflitos estereotipados. Por mais que se abordem questões polêmicas (homossexualismo, preconceito, iniciação sexual com prostitutas, suicídio), a trama acaba se afunilando para uma estrutura típica de comédia romântica, principalmente por aquela velha e batida equação “garoto e garota amigos se amam, mas não percebem e depois de alguns percalços ficam juntos”. Parece até aquelas velhas produções anos 80 de John Hughes, mas sem o mesmo charme e bom humor. Não há como não destacar, entretanto, a boa dinâmica narrativa que Laíz Bodansky obtém em algumas seqüências – nesses momentos, a diretora parece estar em uma certa sintonia espiritual com a alma juvenil que pretendia retratar no seu filme.
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