sexta-feira, junho 25, 2010

Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow ****


Na abertura de “Guerra ao Terror” (2008), a diretora Kathryn Bigelow trabalha com a ação cinematográfica da maneira mais esmiuçada: com o ritmo lento e valorizando a tensão psicológica, explora uma situação limite até chegar ao ápice da sequência da explosão de uma bomba. Nesse instante, Bigelow utiliza com precisão o recurso da câmera lenta, fazendo uma espécie de releitura/homenagem de um dos truques favoritos do mestre Sam Peckimpah. Essas cenas iniciais do filme nortearão o restante da obra, como se explicassem o suspense que está por vir.

Se nesses instantes da abertura Bigelow faz uma dissecação da ação, posteriormente ela fará com que as explosões sejam rápidas e brutais, experimentando com os limites do gênero dos filmes de guerra. O registro visual que faz da violência é ambíguo: em alguns momentos é naturalista e desglamorizado, em outros valoriza aspectos que beiram o épico e grandioso (principalmente pela extraordinária manipulação da trilha sonora). Além disso, a pretensão da cineasta na sua abordagem sobre a guerra no Iraque não é exatamente a de fazer um comentário político ou social sobre o conflito. Na realidade, sua abordagem tem uma linha mais intimista, no sentido que focaliza primordialmente a figura do Sargento James (Jeremy Renner) e a sua relação com uma realidade caótica. James vê a guerra quase como uma oportunidade de completude existencial, como se sua paz espiritual necessitasse do conflito bélico. Esse tipo de visão não chega a ser uma novidade (quem não lembra do Capitão Willard em “Apocalipse Now”?), mas Bigelow explora com louvor as possibilidades desse argumento.

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