O que de início parecia um estilo vigoroso e original acabou se tornando um exercício narrativo formulaico e frouxo. É o que vem a mente quando se pensa na trajetória artística de Guillermo Arriaga, ainda mais depois de assistir a esse “Vidas Que Se Cruzam” (2008). O truque de narrar histórias paralelas, de difícil conexão aparente, que se entrecruzam e adquirem um sentido único surgiu de forma explosiva em “Amores Brutos” (2000), dirigido por Alejandro González Iñárritu. As produções seguintes da parceria Inárritu/Arriaga, entretanto, não causaram o mesmo impacto: “21 Gramas” (2003) e “Babel” (2006) aparentaram uma excessiva diluição no padrão formal e temático. Arriaga voltou a acertar a mão no ótimo “Três Enterros” (2005), mas a verdade é que os méritos do filme se concentram muito mais na direção segura de Tommy Lee Jones do que propriamente no roteiro. Assim, “Vidas Que Se Cruzam”, a estreia de Arriaga na direção, poderia marcar alguma renovação, mas não é o que acontece. A condução da narrativa é arrastada e pouco fluente e a trama arquitetada por Arriaga traz manjados dilemas já explorados anteriormente. De certa forma, é até irritante ver algumas tiradas moralistas disfarçadas de crises existenciais. Ou o que se pode achar da caracterização sórdida de uma personagem que faz sexo casual com frequência porque teve alguns graves traumas infantis?
Nenhum comentário:
Postar um comentário