quarta-feira, novembro 10, 2010

Como Esquecer, de Malu De Martino **1/2


A trama de “Como Esquecer” (2010) não apresenta maiores novidades dentro de um tema bastante explorado no cinema: o final de um relacionamento amoroso e as duras consequências para aquela parte que ainda se sente apaixonada pela outra que terminou a relação. No caso do filme em questão, há ainda o detalhe do rompimento se dar entre um casal de lésbicas. Aliás, isso é algo que chega a ser quase irônico, pois no universo de “Como Esquecer” praticamente todos os personagens são gays, dando uma impressão de que os heterossexuais são a “minoria”. Nesses termos, questões como o preconceito são deixadas de lado. Mas essa produção brasileira não é destinada apenas para um nicho específico de público. Os dilemas e conflitos expostos são universais e criam possível identificação com a platéia. A diretora Malu De Martino expõe o calvário de sofrimento emocional da protagonista Julia (Ana Paula Arósio) de forma detalhada e sem concessões. Além disso, a dimensão humana da personagem é bem explorada no sentido de mostrar reações e sentimentos de forma perturbadora tamanha a crueza com que os mesmos são expostos. O que atrapalha “Como Esquecer” como obra cinematográfica é a sua aproximação constante e forçada com a literatura, com uma narração em off que beira várias vezes o excessivo, com direito a longas citações literárias. Tudo bem que Julia é uma professora de literatura, sem contar o fato da diretora buscar relacionar nuances do roteiro com alguns clássicos literários que são citados ao longo do filme. É evidente também, entretanto, que a opção por uma narrativa mais baseada no poder de sugestão das imagens em algumas tomadas tornaria “Como Esquecer” mais estimulante em termos formais.

2 comentários:

pseudo-autor disse...

Fiquei interessado nesse por causa da atuação da Ana Paula Arósio (andei lendo boas críticas sobre o seu trabalho no filme).

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com

André Kleinert disse...

O elenco do filme, no geral, é um dos seus pontos fortes. Até o Murilo Rosa, que sempre considerei um baita canastrão, está surpreendentemente bem em cena.