quinta-feira, novembro 04, 2010

O Último Exorcismo, de Daniel Stamm ***


Por mais que possamos reclamar de ficarmos com dor de cabeça tentando acompanhar uma narrativa em que a câmera não para de tremer e de que os enquadramentos sejam toscos, a realidade é que parece que esta tendência de filmes que utilizam o recurso da câmera subjetiva, em que o espectador vê o que ocorre pela perspectiva de um personagem que filma os fatos, veio para ficar. Quem mais tem abusado do estilo é o cinema de horror, que tem uma espécie de pioneirismo na técnica através do impactante “Canibal Holocausto” (1979), acabando por firmar comercialmente tal vertente em produções como “A Bruxa de Blair” (1999), “Rec” (2007) e “Atividade Paranormal” (2007). “O Último Exorcismo” (2010) também envereda pela seara do “falso documentário de terror”, sabendo dosar com certa precisão os clichês e limitações do gênero. Assim, mesmo que adotando o conceito de uma direção de fotografia “amadora”, os enquadramentos não tremem tanto quanto o habitual, o que aliado a uma montagem de ritmo mais sereno torna o ritmo narrativo quase clássico. Há também o mérito do diretor Daniel Stamm em manter uma atmosfera constante de dubiedade, em que não se pode determinar com precisão a fronteira do real e do sobrenatural, pelo menos até a arrebatadora conclusão de “O Último Exorcismo”. Aliás, o roteiro da produção combina uma série de clichês básicos dentro da linha do horror, dando um aspecto de perturbadora atemporalidade ao filme, conseguindo, entretanto, estabelecer uma série de pequenas e envolventes surpresas.

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