quarta-feira, novembro 17, 2010

Cronicamente Inviável, de Sérgio Bianchi ***1/2


A revolta que exala de “Cronicamente Inviável” (2000) contra os costumes pequeno-burgueses da sociedade brasileira não se configura apenas em termos temáticos. Para destilar seu veneno ideológico, o diretor Sérgio Bianchi utiliza uma estética inquietante, como que mostrando que a realidade complexa que aborda não pudesse ser abarcada apenas com uma narrativa linear e naturalista. O cineasta faz colidir elementos diversos como registros falsamente documentais, caracterizações estilizadas e exageradas de situações e personagens, interpretações dramáticas de empostações quase teatrais. Tais detalhes formais compõem uma moldura adequada para o roteiro que faz uma espécie de tratado sociológico-científico das mazelas sociais no formato de pequenas histórias que tem como mote exploração econômica, preconceitos raciais e de classe e vazio existencial. Bianchi, contudo, não envereda por análises acadêmicas ou didáticas. No final das contas, “Cronicamente Inviável” é muito mais o seu manifesto de inconformismo contra a realidade que o cerca do que uma hipócrita visão “isenta” dos fatos.

Nenhum comentário: