Em “Alta Tensão” (2003) e “Viagem Maldita” (2006), o cineasta francês Alexandre Aja já havia empreendido uma revisão radical dos truques e clichês mais emblemáticos do cinema gore norte-americano. Nesta revisão da produção original de Joe Dante lançado em 1978, Aja se aprofunda na referida opção estética. A impressão que se tem assistindo a “Piranha 3D” (2010) é que alguém passou muito tempo de sua vida vendo obras repletas de sangue, mutilação, mulher pelada e erotismo barato e resolveu regurgitar tudo isso de forma extrema em único filme. Tudo em “Piranha 3D” é exagerado e caricatural, mas sempre é filtrado por uma estilização insólita. De forma muito particular, Aja declara seu amor a um gênero cinematográfico normalmente desprezado, mas que na verdade sempre guardou consideráveis possibilidades criativas, e que aqui são muito bem aproveitadas por Aja. Mesmo com o oportunista efeito 3D, pode-se perceber que a trucagem é realizada com categoria pouco usual. Em algumas sequências, o efeito torna as imagens confusas, principalmente nas tomadas aquáticas envolvendo os simpáticos bichinhos (a mistura de sangue, tripas e peixes velozes e vorazes parecem se fundir num tom vermelho único). Por outro lado, o 3D traz um impacto visual notável em outros momentos, com destaque para o bagaceiro balé aquático entre duas mocinhas nuas e siliconadas.
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