Quando assisti a “2 Coelhos” (2011) tive a impressão de que para o diretor Afonso Poyart o cinema começou mais ou menos lá pelo início da década de 90. Afinal, sua obra é uma colcha de retalhos mal costurada de influências de uma certa linha cult de produções dos últimos 25 anos: diálogos metidos a espertos (evocando Quentin Tarantino), narrativa fragmentada e cheia de idas e vindas no tempo (impossível não lembrar da fórmula do filmes de Alejandro González Iñarritu), violência cartunesca, câmeras lentas à profusão (ah, a influência nefasta de Zack Snyder...), a mistura com outras mídias contemporâneas (computadores, games eletrônicos). Ou melhor, talvez a real impressão é de que Poyart pense que o cinema começou com os videoclips da MTV, com cenas que possuem a densidade dramática de um comercial de televisão. O fato é que tentar parecer moderno juntando uma série de referências pop culturais e cinematográficas numa mesma produção não quer dizer necessariamente que tal produção será moderna. No caso de “2 Coelhos”, o resultado final é amorfo, sem vida, pretensioso no pior sentido da palavra. Não adianta juntar um monte de tiroteios, explosões e poses calculadas de mau e achar que isso representa estilo quando se é incapaz de estabelecer uma narrativa decente. E para piorar, o discurso crítico social/político de seu subtexto se pretende subversivo e contestador, mas no final das contas acaba se revelando tão conservador quando um Diogo Mainardi. Talvez o cinema brasileiro, onde impera os gêneros do drama e da comédia, esteja precisando de mais obras que se aventurem pela ação, mas não é com algo tão estéril como “2 Coelhos” que vai conseguir atingir o público.
2 comentários:
Seu post, fede....
Seu post, fede....
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