A grande marca da cinematografia de Jim Sheridan sempre foi o vigor. Obras como “Meu Pé Esquerdo” (1989) e “Em Nome do Pai” (1993) podem possuir uma estrutura formal convencional, mas se destacam pela sua dinâmica narrativa e o gosto pela ambição visual de algumas seqüências (no sentido de serem muito bem dirigidas). Nesse sentido, acaba-se entendendo por quê Sheridan pediu para retirar o seu nome dos créditos ao ver o resultado final de “A Casa dos Sonhos” (2011), sua produção mais recente. Por mais que seja um filme correto em termos de fotografia e edição, carece de uma dimensão artística que possibilite alguma transcendência artística. É uma obra burocrática e destituída de vida, e nem dá para acusar o roteiro previsível como responsável pelo saldo frustrante – afinal, Scorsese usou uma trama bem parecida em “A Ilha do Medo” (2010) e isso não foi impeditivo para que não tivesse um resultado extraordinário. É provável que o pedido desgostoso de Sheridan tenha relação com a interferência de produtores na realização de “A Casa dos Sonhos”. Fofocas à parte, fica para a posteridade uma produção a cair no limbo da frustração.
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