quarta-feira, janeiro 25, 2012

As Aventuras de Tintin - O Segredo do Licorne, de Steven Spielberg ****



Boa parte das expectativas e comentários em torno de “As Aventuras de Tintin – O Segredo do Licorne” (2011) se concentra em detalhes tecnológicos. Afinal, o filme representa um aprofundamento na técnica de animação digital da captura de movimento, recurso já utilizado em “O Expresso Polar” (2004) e “A Lenda de Beowulf” (2007). Nesse campo, a produção de Steven Spielberg se mostra mais que satisfatória, marcando um efetivo avanço na área. A combinação de realismo na caracterização dos cenários e de estilização na concepção visual dos personagens gera um contraste fascinante, e que fica ainda mais ampliado pelo detalhismo do traço da animação. O gosto de Spielberg por um virtuosismo formal repleto de movimentos sinuosos e cenários exóticos colabora também para o deslumbramento imagético do filme, o que resulta em tomadas memoráveis, como aquela em que o deserto se transforma em mar como num passe de mágica. Todos esses prodígios técnicos, entretanto, seriam estéreis se Spielberg não tivesse a preocupação de estabelecer um ritmo fluente para a sua narrativa, assim como na delineação de personagens carismáticos. Ele foi fiel à essência das aventuras do personagem original dos quadrinhos, evocando uma graça até ingênua e de forte caráter nostálgico, mas sem que isso fizesse com o filme perdesse um traço contemporâneo capaz de encantar as platéias atuais.

As rocambolescas tramas de Tintin em busca de tesouros e viajando o mundo inteiro certamente foram influências para a criatura mais famosa de Spielberg, o arqueólogo Indiana Jones. Sua recriação da obra maior de Hergé acaba sendo uma bela homenagem para uma de suas fontes de inspiração e, por conseqüência, uma das aventuras efetivamente mais divertidas a aparecerem nas telas nos últimos anos.

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