Por mais que a temática de uma doença desconhecida que se alastra vertiginosamente e ameaça a humanidade já foi mais bastante utilizada em diversas produções cinematográficas. Se “Contágio” (2011) não apresenta quaisquer novidades para o gênero, ao menos utiliza uma abordagem não tão manjada. Para começar, Soderbergh prefere focar a trama em um viés mais realista, em que não há soluções mágicas no roteiro e as reações dos personagens se aproximam de algo fora do idealizado (ou seja, a crueza do comportamento humano fica mais evidente). Assim, o diretor não se furta de matar alguns dos principais personagens da produção e de forma, às vezes, até anti-climáticas. Além disso, a concepção formal de “Contágio” apresenta um tom sóbrio que beira o documental, principalmente pela direção de fotografia que abusa de tons quase esmaecidos. O estilo colocado em prática por Soderbergh é coerente na equação estética-conteúdo, aproximando-se de outras obras menos comerciais do cineasta (“Bubble”, “Confissões de Uma Garota de Programa”). É inegável, entretanto, que ao estabelecer um formalismo frio no quesito visual e um distanciamento emocional na caracterização de situações e personagens Soderbergh faz de “Contágio” uma produção que pouco surpreende como obra capaz de arrebatar o espectador.
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