terça-feira, janeiro 10, 2012

Inquietos, de Gus Van Sant ***



Depois de um ciclo de produções dotadas de uma narrativa minimalista e de distanciamento emocional (“Elefante”, “Last Days”, “Paranoid Park”), o diretor Gus Van Sant volta a investir em uma produção de caráter mais acessível como nos tempos de “Gênio Indomável” (1997). Tematicamente, “Inquietos” (2011) lembra bastante o clássico de Hal Ashby, “Ensina-me a Viver” (1971), apesar de não possuir o mesmo pendor para a ironia perversa da obra setentista. O filme de Van Sant envereda mais por uma linha lírica, quase ingênua, ao retratar o romance entre um jovem órfão e desajustado e uma garota com câncer em estágio terminal. O cineasta tem seus melhores momentos ao colocar toques de fantasia na trama, inserindo de forma insólita o fantasma de um piloto kamikase japonês da 2ª Guerra Mundial como amigo e conselheiro sentimental do protagonista. Van Sant conduz a narrativa sem maiores sobressaltos ou arroubos criativos, mas tem o mérito de fazer com que “Inquietos” não caia em excessivos sentimentalismos do gênero “filme doença”. Além disso, a conclusão do filme é bastante inspirada na forma insólita com que utiliza cenas de flashback e na expressividade carismática do ator Henry Hopper.

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