segunda-feira, setembro 24, 2012

Cairo 678, de Mohamed Diab ***


A combinação do gênero melodrama com um tom panfletário na produção egípcia “Cairo 678” (2011) pode soar óbvia em um primeiro momento. Uma das intenções do filme é justamente propor uma visão bastante crítica do machismo e preconceito inerentes à sociedade muçulmana. A indignação social que emana por parte de sua trama não contamina, entretanto, a noção de espetáculo cinematográfico do diretor Mohamed Diab. A obra não se formata como peça de propaganda – há um roteiro bem delineado a explorar os aspectos contraditórios e dilemas de situações e personagens. Mesmo quando realça de forma crua o grotesco sexismo dos assédios sofridos pelas principais personagens, tais momentos não ganham o simples viés apelativo de uma manipulação emocional. Pelo contrário: valorizam ainda mais a dinâmica narrativa concebida por Diab, num misto entre o caráter sentimental de algumas cenas com um registro objetivo que beira o documental.

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