quinta-feira, setembro 06, 2012

Para Romar com amor, de Woody Allen ***1/2


As intenções de Woody Allen na concepção de “Para Roma com amor” (2012) são evidentes – parece uma espécie de homenagem/ironia com o clássico livro “Decameron” e aquelas produções cômicas e episódicas italianas dos anos 60 e 70. O filme não se pretende um retrato típico do espírito italiano; é mais como se víssemos na tela o imaginário típico de um americano médio do que seriam a Itália e o seu povo. Como nas fontes que o inspiraram, seu tom é francamente picaresco, o que acaba se mostrando bastante em sintonia com o próprio espírito criativo de Allen. Talvez parte do público habitual do diretor nova-iorquino implique com a falta de maiores novidades (tem-se a impressão de que por vezes se ouve/vê uma piada reciclada). Não há também um roteiro consistente e tão bem amarrado quanto “Meia-Noite em Paris” (2011). É inegável, contudo, que esse aparente comodismo ainda consiga seduzir boa parte da platéia, seja num estilo formal que traz um registro visual ora apaixonado ora sarcástico na sua contraposição entre a fotografia cartão postal e uma estética que beira o onírico, seja pelas passagens que revelam a verve arguta de Allen a esmiuçar as relações humanas. No saldo final, “Para Roma com amor” que não vai converter habituais detratores e nem decepcionar a grande maioria dos apreciadores, mas apenas manter um certo padrão de qualidade do cineasta. O que, aliás, já é algo acima da média.

2 comentários:

Marcelo Castro Moraes disse...

Mesmo já tendo uma certa idade, Allen realmente disparou em lançar inúmeros filmes em seguida. Pelo visto, sua saída do território americano foi uma forma de dar uma renovada nas ideias.

André Kleinert disse...

Não acho que ele chegou a renovar algo no seu cinema nestas últimas produções realizadas na Europa. Acho que é aquela velha reciclagem de ideias que ele sempre fez, com maior ou menor inspiração de acordo com o momento criativo.