A qualidade do traço e o capricho visual dos efeitos
digitais são evidentes em “Valente” (2012). Mas essa competência formal é quase
uma regra nesse gênero de animações contemporâneas. O que faz o filme dos
diretores Mark Andrews e Brenda Chapman se destacar, assim como outras produções
do estúdio Pixar, são dois pontos: o roteiro bem delineado e a ágil dinâmica
narrativa. A trama concilia de forma equilibrada uma forte dimensão dramática
com toques de humor e referências pop, sem parecer uma colcha de retalho. O tom
fabular apresenta nuances temáticas até ousadas que destoam sutilmente dos cânones
das histórias infantis tradicionais, trazendo questionamentos sobre o habitual
papel submisso e meramente romântico das “mocinhas”. Mas o interesse que o
filme pode despertar não se restringe a um aspecto sociológico/cultural.
Andrews e Chapman apresentam cenas memoráveis em termos de ação, além de
enfatizar em algumas sequências violentos embates físicos e atmosferas sombrias.
Tal brutalidade e climas sinistros mostram que mesmo no estilo contos-de-fada a
Pixar consegue deixar impressa a sua marca particular.
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