O ponto mais interessante de “Os acompanhantes” (2010) é a
forma com que estabelece a relação cinema e literatura. Tendo como protagonista
Louis Ives (Paul Dano), um estranho jovem obcecado pela literatura
norte-americana da primeira metade do século XX, o filme insere uma constante
narração em off do personagem, que se vê como um herói literário típico de seus
romances favoritos. O contraste de tal narração idealizada com a realidade em
que ele se enquadra na presente época contemporânea produz os momentos mais
desconcertantes da produção. Por vezes, a estética de “Os acompanhantes” evoca
uma atmosfera retrô em termos de figurino e direção de arte, assim como no seu
desenvolvimento de roteiro, em que trama dramática apresenta toques irônicos
insólitos, ainda que pese contra o filme a carência de uma maior consistência
em termos temáticos, em que a equação drama e comédia não consegue apresentar
uma sintonia mais harmoniosa.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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