Para um velho admirador de quadrinhos de super-heróis, caso
deste que vos escreve, ver um filme como “Vingadores: A era de Ultron” (2015)
traz uma carga de simpatia imediata. Aquela seqüência inicial do ataque dos heróis
à base da Hidra e também as cenas do brutal e exagerado quebra-pau entre o
Homem de Ferro e o Hulk representam a materialização de um antigo sonho de
assistir na tela grande com recursos decentes e competência formal uma típica
trama de HQs da Marvel. E também não deixa de ser comovente ver o cuidado com
que os estúdios da Marvel têm se preocupado em manter a coerência e a interação
entre os filmes dentro de um mesmo universo. Dito isso, vamos para o outro lado
da moeda: esse novo capítulo para os cinemas das aventuras dos Vingadores deixa
a desejar como espetáculo cinematográfico, estando bem abaixo em relação à
primeira parte da série. A longuíssima duração da produção deixa evidente
alguns dos seus principais defeitos, a começar pelo excesso de momentos intimistas
que são pueris em seus dilemas dramáticos e superficiais e apressados nas suas
resoluções. A noção de sutileza do diretor Joss Whedon em tais momentos beira o
inexistente – e dá-lhe música melosa e atores fazendo expressões estilo
cachorrinho pidão na legítima escola Malu Mader de atuar. Aliás, dar um papel tão
importante quanto o da Feiticeira Escarlate para a careteira e canastrona Elisabeth
Olsen acaba sendo até comprometedor. Quaisquer cenas envolvendo o romance entre
o Bruce Banner/Hulk (Mark Ruffalo) e Viúva Negra (Scarlett Johansson) ou a
reclusão dos heróis para lamber as feridas emocionais naquela localidade bucólica
têm potencial dramático nulo e somente servem para emperrar o ritmo narrativo. E
mesmo em algumas tomadas de pancadarias e batalhas épicas a encenação é
prejudicada por uma composição de cena um tanto primária. O roteiro também
apresenta problemas na caracterização de personagens e situações: Ultron é um
vilão que não traz aquela carga de ameaça e violência inerente à figura
original dos quadrinhos, enquanto a morte de Mercúrio (Aaron Taylor-Johnson) se
mostra um recurso oportunista e ridículo (afinal, como o homem mais rápido do
mundo pode morrer de forma tão óbvia e banal?). Mesmo com os equívocos
apontados, é claro que “Vingadores: A era de Ultron” está bem longe de ser um
filme ruim, pois, por vezes, consegue ser bem divertido quando investe em
trucagens e porradarias apoteóticas. É fato também, entretanto, que alto nível
de outras produções da Marvel (“Guardiões da Galáxia”, as duas partes de “Capitão
América”, o primeiro “Vingadores”) e o respeitável currículo artístico de
Whedon faziam esperar um resultado final bem mais satisfatório.
Um comentário:
Cara vc revelou a morte de um personagem importante. Olha o Spoller
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