terça-feira, maio 12, 2015

Vingadores: A era de Ultron, de Joss Whedon **1/2


Para um velho admirador de quadrinhos de super-heróis, caso deste que vos escreve, ver um filme como “Vingadores: A era de Ultron” (2015) traz uma carga de simpatia imediata. Aquela seqüência inicial do ataque dos heróis à base da Hidra e também as cenas do brutal e exagerado quebra-pau entre o Homem de Ferro e o Hulk representam a materialização de um antigo sonho de assistir na tela grande com recursos decentes e competência formal uma típica trama de HQs da Marvel. E também não deixa de ser comovente ver o cuidado com que os estúdios da Marvel têm se preocupado em manter a coerência e a interação entre os filmes dentro de um mesmo universo. Dito isso, vamos para o outro lado da moeda: esse novo capítulo para os cinemas das aventuras dos Vingadores deixa a desejar como espetáculo cinematográfico, estando bem abaixo em relação à primeira parte da série. A longuíssima duração da produção deixa evidente alguns dos seus principais defeitos, a começar pelo excesso de momentos intimistas que são pueris em seus dilemas dramáticos e superficiais e apressados nas suas resoluções. A noção de sutileza do diretor Joss Whedon em tais momentos beira o inexistente – e dá-lhe música melosa e atores fazendo expressões estilo cachorrinho pidão na legítima escola Malu Mader de atuar. Aliás, dar um papel tão importante quanto o da Feiticeira Escarlate para a careteira e canastrona Elisabeth Olsen acaba sendo até comprometedor. Quaisquer cenas envolvendo o romance entre o Bruce Banner/Hulk (Mark Ruffalo) e Viúva Negra (Scarlett Johansson) ou a reclusão dos heróis para lamber as feridas emocionais naquela localidade bucólica têm potencial dramático nulo e somente servem para emperrar o ritmo narrativo. E mesmo em algumas tomadas de pancadarias e batalhas épicas a encenação é prejudicada por uma composição de cena um tanto primária. O roteiro também apresenta problemas na caracterização de personagens e situações: Ultron é um vilão que não traz aquela carga de ameaça e violência inerente à figura original dos quadrinhos, enquanto a morte de Mercúrio (Aaron Taylor-Johnson) se mostra um recurso oportunista e ridículo (afinal, como o homem mais rápido do mundo pode morrer de forma tão óbvia e banal?). Mesmo com os equívocos apontados, é claro que “Vingadores: A era de Ultron” está bem longe de ser um filme ruim, pois, por vezes, consegue ser bem divertido quando investe em trucagens e porradarias apoteóticas. É fato também, entretanto, que alto nível de outras produções da Marvel (“Guardiões da Galáxia”, as duas partes de “Capitão América”, o primeiro “Vingadores”) e o respeitável currículo artístico de Whedon faziam esperar um resultado final bem mais satisfatório.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Cara vc revelou a morte de um personagem importante. Olha o Spoller