terça-feira, março 29, 2016

Batman vs Superman - A origem da justiça, de Zack Snyder *1/2

Assim como em outras adaptações para as telas de obras dos quadrinhos dirigidas por Zack Snyder, a impressão que se tem ao se assistir à “Batman vs Superman – A origem da justiça” (2016) é a de alguém que nunca leu uma HQ na vida, folheou apressadamente algumas histórias clássicas e emblemáticas do gênero e socou de qualquer jeito citações e referências do material que leu dentro de um roteiro. Por vezes, até dá para perceber algumas boas ideias absorvidas nessa pesquisa, mas quase todas elas não são muito mal aproveitadas e executadas. Não se trata apenas de uma questão de ter uma fidelidade ipsis literis na transposição daquilo que está nos quadrinhos para uma produção cinematográfica, mas simplesmente entender aquilo que torna único e carismático toda uma série de personagens e mesmo o contexto que os envolvem, ou seja, aquilo que os torna atraente de maneira perene por todas essas décadas de existência. Por mais que Snyder queira dar uma aura adulta e profunda dentro de sua abordagem pretensamente sombria e solene, a caracterização de personagens e situações é rasteira e de pouca densidade psicológica, caindo por vezes no francamente ridículo (nesse sentido, tudo em “Batman vs Superman” é tão grotesco que em alguns momentos a obra consegue até ser divertida...). Dessa forma, Batman (Ben Affleck) fica reduzido a um brutamontes impulsivo e francamente homicida, Superman (Cavill) é destituído de carisma e Lex Luthor (Jesse Eisenberg) é apenas um garoto debilóide e mimado. Já o roteiro é um cozido mal ajambrado de chupações sem critérios de sagas marcantes das HQs como “O cavaleiro das trevas” e “A morte de Superman”. Para compensar essa falta de consistência existencial, Snyder usa e abusa de explosões e porradarias diversas, mas tudo dirigido de forma tão genérica e despersonalizada que faz com que praticamente nenhuma cena traga algo de memorável para o imaginário do espectador. Do jeito que ficou, “Batman vs Superman” parece ser apenas um mero pretexto mercadológico para que no futuro saia um filme da Liga da Justiça (afinal, como explicar as participações estapafúrdias de Flash e Ciborgue na trama?). Quem sabe até lá Snyder tenha uma epifania e aprenda a dirigir um filme. Ou mesmo o estúdio tenha alguma iluminação e bote um cineasta com algum talento para se responsabilizar pela produção.

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