quinta-feira, julho 12, 2007

800 Balas, de Álex de la Iglesia ****


Poucos caras teriam o peito de fazer uma homenagem sincera e emocionada ao spaghetti western, gênero que geralmente costuma ser estupidamente menosprezado como menor (como se Sergio Leone, um dos maiores virtuoses da história do cinema e que se projetou nos espaguetes, pudesse ser considerado um diretor mediano...). Pois o genial cineasta espanhol Álex de la Iglesia não só realizou essa proeza como acrescentou uma boa dose de bom humor e ironia no magnífico “800 Balas”. Ao contar a história de um grupo de atores que vivem de recriar seqüências de velhos faroestes para turistas numa cidadezinha quase fantasma da Almeria e que entram em conflito contra um conglomerado financeiro que quer lhes tomar a tal cidadezinha, Iglesia faz uma combinação explosiva de comédia e aventura, na melhor tradição de filmes antológicos como “Três Homens em Conflito” e “Meu Nome é Ninguém”. Ao mesmo tempo que recicla com maestria alguns dos mais básicos clichês do gênero espaguete, indo do caracterização suarenta dos personagens, passando por duelos entre pistoleiros e chegando até à fotografia em tons quentes da região árida e ensolarada da Almeira, Iglesia consegue dar um marcante toque pessoal para “800 Balas”, principalmente na presença do seu típico humor negro que permeia todo o filme. Nesse sentido, o auge ocorre durante uma festa na cidadezinha entre os atores, no melhor estilo bandoleiro, que acaba culminando com o garoto Carlos (Luis Castro) brincando com uma bela prostituta. Nas seqüências em que os cowboys, sitiados na cidade, enfrentam a polícia, Iglesias também mostra um faro apurado para empolgantes cenas de ação. Por fim, chega a ser comovente a “presença” de Clint Eastwood, ou pelo menos alguém muito parecido com ele, caracterizado no melhor estilo “estranho sem nome”, na seqüência final de “800 Balas”, coroando com louros essa verdadeira declaração de amor ao verdadeiro cinema.

Para velhos fãs de faroestes espaguete, assistir “800 Balas” faz relembrar vários clássicos inesquecíveis do gênero e dá até um nó na garganta. Para os neófitos, é um ótimo cartão de visitas para começar a conhecer uma das mais criativas faces do cinema. No mais, Alex de la Iglesias mostra porque, ao lado de Júlio Medem, é um dos melhores cineastas espanhóis em atividade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Aparece en el film la bellísima Yoima Valdés.