O grande barato de “Borat”, além da genial capacidade em obter situações constrangedoras e hilárias de Sacha Baron Cohen, é a forma com que o diretor Larry Charles pega uma série de seqüências cômicas pautadas pelo improviso e pela anarquia e dá uma unidade e coerência narrativa impressionante, fazendo com que o filme, no meio de uma impressionante sucessão de momentos de puro pastelão escatológico, tenha uma lógica muito bem focada, lembrando nesse sentido o melhor da produção do Monty Python. Assim, talvez seja muito fácil numa primeira impressão se ter a idéia de que o filme seja apenas uma coleção solta de piadas politicamente incorretas. Uma observação mais atenta, entretanto, revela uma obra com um caráter fortemente humanista. Afinal, Borat consegue colocar suas “vítimas” em situações tão desconcertantes que as mesmas acabam revelando com muito mais crueza e sinceridade a verdadeira alma da sociedade norte-americana, algo que muitas produções pretensamente sérias, como “Fahrenheit 11 de Setembro” de Michael Moore, não conseguiram chegar nem perto.
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