Pelo menos nos últimos vinte anos, filmes de época representam um gênero complicado. Na grande maioria das oportunidades caem em uma espécie de regra geral: são produções bem cuidadas, com direção de arte e fotografia competentes, mas que não apresentam maiores ousadias formais. E quando são adaptações de obras literárias, a coisa fica ainda mais previsível: há a uma preocupação muito maior em “contar uma história” do que em explorar uma linguagem cinematográfica. Ou seja, transforma-se o cinema em mero suporte visual para a trama. Desde a morte de Luchino Visconti, grande gênio criativo dessa linhagem de filme (vide obras primas como “A Sedução da Carne”, “O Leopardo” e “Ludwig”), o gênero entrou em uma espécie de estagnação, com algumas poucas e honrosas exceções (como o magnífico “A Era da Inocência”, de Martin Scorsese), apesar de ainda continuar com um bom nicho de admiradores (as respeitáveis senhoras freqüentadoras do Guion, por exemplo).
Diante de um quadro como o acima descrito, não há como não se entusiasmar com essa verdadeira perola que é “Orgulho e Preconceito”, versão cinematográfica mais recente para a obra literária clássica de Jane Austen. A tomada de abertura já nos dá a idéia do que vem pela frente: num plano-seqüência de arrepiar, a câmera passeia pela casa dos Bennetts focando várias ações simultâneas e apresentando com precisão o que representa cada membro da família. A noção de ação cinematográfica do diretor Joe Wright é impressionante nessa seqüência e dá a tônica por todo o filme. Apesar de adaptado de um livro, “Orgulho e Preconceito” tem uma narrativa fortemente anti-literária: os movimentos de câmera e ágil edição são tão predominantes que fazem com que as imagens é que sejam os reais fios condutores do que estamos assistindo. O trabalho de edição e fotografia do filme é dinâmico e fluído a tal ponto que em alguns momentos chegamos a esquecer que estamos assistindo a uma adaptação de um livro. Isso não quer dizer, entretanto, que Wright não preservou a essência do ótimo texto de Jane Austen. Muito pelo contrário. A concepção moderna e ágil do seu estilo de filmar realça ainda mais a qualidade da narrativa de Austen, mostrando como a mesma não envelheceu em nada. Ironia e drama se combinam de forma espantosa por todo o filme, valorizado ainda mais pelos brilhantes diálogos e pelo ótimo elenco, com destaque para a interpretação serena e astuta de Donald Sutherland, a pura tensão histriônica de Brenda Blethyn e a vivacidade de Keira Knightley.
Uma boa forma para se ter idéia do que representa essa nova versão cinematográfica para “Orgulho e Preconceito” é compará-la com outras adaptações recentes de obras de Jane Austen para o cinema. Produções como “Razão e Sensibilidade” e “Persuasão”, ambas de 1995, são bons filmes e também são fiéis aos livros de origem, mas ao mesmo tempo apresentam um certo apego à narrativa literária. O filme de Joe Wright manda para o espaço a literatura e aposta exclusivamente no cinema. O resultado é um dos grandes picos criativos cinematográficos dos últimos anos.
Diante de um quadro como o acima descrito, não há como não se entusiasmar com essa verdadeira perola que é “Orgulho e Preconceito”, versão cinematográfica mais recente para a obra literária clássica de Jane Austen. A tomada de abertura já nos dá a idéia do que vem pela frente: num plano-seqüência de arrepiar, a câmera passeia pela casa dos Bennetts focando várias ações simultâneas e apresentando com precisão o que representa cada membro da família. A noção de ação cinematográfica do diretor Joe Wright é impressionante nessa seqüência e dá a tônica por todo o filme. Apesar de adaptado de um livro, “Orgulho e Preconceito” tem uma narrativa fortemente anti-literária: os movimentos de câmera e ágil edição são tão predominantes que fazem com que as imagens é que sejam os reais fios condutores do que estamos assistindo. O trabalho de edição e fotografia do filme é dinâmico e fluído a tal ponto que em alguns momentos chegamos a esquecer que estamos assistindo a uma adaptação de um livro. Isso não quer dizer, entretanto, que Wright não preservou a essência do ótimo texto de Jane Austen. Muito pelo contrário. A concepção moderna e ágil do seu estilo de filmar realça ainda mais a qualidade da narrativa de Austen, mostrando como a mesma não envelheceu em nada. Ironia e drama se combinam de forma espantosa por todo o filme, valorizado ainda mais pelos brilhantes diálogos e pelo ótimo elenco, com destaque para a interpretação serena e astuta de Donald Sutherland, a pura tensão histriônica de Brenda Blethyn e a vivacidade de Keira Knightley.
Uma boa forma para se ter idéia do que representa essa nova versão cinematográfica para “Orgulho e Preconceito” é compará-la com outras adaptações recentes de obras de Jane Austen para o cinema. Produções como “Razão e Sensibilidade” e “Persuasão”, ambas de 1995, são bons filmes e também são fiéis aos livros de origem, mas ao mesmo tempo apresentam um certo apego à narrativa literária. O filme de Joe Wright manda para o espaço a literatura e aposta exclusivamente no cinema. O resultado é um dos grandes picos criativos cinematográficos dos últimos anos.
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