segunda-feira, agosto 16, 2010

As Aventuras do Incrível Hércules, de Luigi Cozzi 1/2 (meia estrela)


Tenho uma certa antipatia com a mítica que envolve os filmes trash. Não porque não gosto dos filmes, mas sim porque o termo costuma ser usado de maneira desinformada e reducionista. É frequente que se leia ou ouça associações indiscriminadas, em que um filme, por pertencer a um gênero específico como horror ou exploitation, é rotulado equivocadamente como trash. Assim, diretores que revelam uma linguagem estética diferenciada como José Mojica Marins ou Russ Meyer acabam caindo em uma vala comum como realizadores de produções ruins em termos formais devido a uma concepção distorcida e preconceituosa de ver o cinema.

A sessão promovida na sexta edição do FANTASPOA, em 06/07/2010, com o filme “As Aventuras do Incrível Hércules” (1985), conseguiu ser tremendamente didática em relação à questão dos filmes trash. Primeiro porque a obra em questão é uma legítima representante dessa linhagem de produções toscas. Efeitos especiais risíveis, narrativa pouco fluente e um roteiro sem pé nem cabeça formam um todo desastrado em termos formais, mas repleto de momentos divertidos (ainda que de forma involuntária). O complemento perfeito para esse exemplar trash esteve nas declarações dadas pelo próprio autor da obra, o simpático senhor italiano Luigi Cozzi, após a exibição do filme. O cineasta contou, com riqueza de detalhes, como nasce um legítimo trash. São situações que mereciam ser roteirizadas e transformadas em um filme: Cozzi, após o sucesso do primeiro Hércules (1983, e também com Lou Ferrigno no papel-título), estava fazendo um outro filme de natureza mitológica e fantástica com Ferrigno, sendo que após os produtores assistirem às primeiras cenas, os mesmos exigiram que Cozzi mudasse totalmente o roteiro e fizesse uma nova produção de Hércules, aproveitando as cenas que já havia filmado e sem que Ferrigno soubesse das “pequenas” alterações na trama. Desse jeito, não é surpresa que o resultado fosse tão precário...

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