Enquanto seu irmão Mika tem se dedicado a registrar em imagens a beleza exuberante de parte do cancioneiro brasileiro em documentários como “Moro no Brasil” (2002) e “Brasileirinho” (2005), Aki Kaurismäki mantém a sua estética gélida e rigorosa em “Luzes na Escuridão” (2006). A edição sóbria que encadeia tranqüilamente uma série de planos quase estáticos (mas sempre muito expressivos) é coerente com a própria abordagem emocional contida que o diretor impõe para os seus personagens. Esse tipo de caracterização, ainda que a trama descambe para uma sucessão de fatos melancólicos e/ou trágicos, traz uma certa carga de ironia, ainda que insólita. Mesmo com esse quase riso que se esboça em algumas seqüências, porém, Kaurismäki não oferece concessões no controlado formalismo de seu filme e nem oferece saídas fáceis para o seu protagonista, um pobre diabo meio matuto com frágeis sonhos de ascensão social que acaba envolvido em uma sórdida trama de roubo. Por mais que seja perturbadora a deprimente conclusão da trajetória do personagem, a mesma está em perfeita sintonia com o sentido da obra no todo.
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