sexta-feira, novembro 19, 2010

Atração Perigosa, de Ben Affleck ****


Este é o tipo de filme que teria tudo para afastar os apreciadores de cinema em geral. Para começar, o horrível título genérico escolhido para o mercado brasileiro. Além disso, o fato de ter o habitual canastrão Ben Affleck como diretor não seria a melhor das credenciais. O negócio, entretanto, é deixar os preconceitos de lado e encarar “Atração Perigosa” (2010), uma das grandes surpresas cinematográficas do ano. O motivo para tal entusiasmo não está no fato de Affleck traga inovações para o gênero policial. Ao contrário: tudo na produção se remete a um estilo clássico de realização – roteiro de situações e conflitos previsíveis (mas sempre marcantes), fotografia desprovida de efeitos ou invencionices, edição que alterna longos planos contemplativos e tomadas repletas de cortes precisos, elenco de atuações sóbrias. Esse conjunto de elementos já foi visto em várias produções, mas é inegável que Affleck domina o mesmo com notável habilidade. Seu domínio da ação é extraordinário – sabe criar a tensão necessária nas seqüências de diálogos e de ritmo narrativo mais lento e ao mesmo tempo cria momentos de aventura eletrizantes (as cenas de roubos a bancos e perseguições automobilísticas humilham Paul Greengrass, Zack Snyder e afins). Cabe ainda ressaltar alguns achados visuais notáveis, como o detalhe das máscaras usadas pelos assaltantes. E é provável que olhar mais detalhista de Affleck como cineasta tenha influenciado até mesmo o seu lado de intérprete dramático, pois em “Atração Perigosa” ele oferece a sua atuação mais sanguínea e repleta de nuances. Ou seja: para quem achava que o cinema policial norte-americano andava em decadência, “Atração Perigosa” é um desmentido bastante enfático.

Um comentário:

pseudo-autor disse...

Filmaço! O Ben Affleck podia tomar vergonha na cara e assumir de vez a sua faceta diretor.

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