segunda-feira, dezembro 20, 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1, de David Yates **1/2


O grande problema do capítulo cinematográfico mais recente da saga do bruxo adolescente não está exatamente no que ele é, mas sim no que o mesmo poderia ter sido, tendo em vista o material humano e logístico envolvido na produção. Para começar, o elenco traz quase que um quem-é-quem dos grandes atores britânicos da atualidade: Ralph Fiennes, Alan Rickman, Helena Bonham Carter, Bill Nighy, Brendan Gleeson, David Thewlis, John Hurt. Com exceção de Fiennes, entretanto, todos se limitam a participações de poucos minutos (num filme com quase duas e meia de duração!!), como se importasse mais as suas presenças em cena como uma espécie de legitimação artística do que uma efetiva contribuição dramática para o filme. Esse tipo de aproveitamento se estende para os próprios efeitos visuais: inegavelmente competentes, mas ao mesmo tempo pouco impactantes no sentido de grudarem na memória do espectador. Assim, a real importância de “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1” (2010) parece se concentrar na sua trama em si. E é aí que o negócio complica. Tem-se uma narrativa truncada, onde quase nada acontece, com os elementos do roteiro funcionando mais como escada para uma série de fatos que nunca ocorrem (talvez eles se concretizem na segunda parte...). Ou seja, a escolha de dividir o derradeiro livro da série em dois filmes foi mal delineada na hora de se transportar para a tela grande. Parte-se também de um princípio equivocado de que ambientar a trama sob uma ótica mais sombria tornaria o filme mais “sério e adulto”. Balela: de todos os filmes da franquia, este é o que pior desenvolve as situações e os personagens, além de trazer soluções narrativas pueris e chupações explicitas de “O Senhor dos Anéis” (o que dizer das cenas em que o trio de protagonista apresenta comportamento alterado por usarem um amuleto do vilão Voldmort?). No final das contas, pouca coisa em “As Relíquias da Morte – Parte 1” atinge o mesmo nível de concisão narrativa e apuro estético de “O Prisioneiro de Azkaban” (2004), o melhor filme da série.

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