A melhor forma de apreciar “O Garoto de Liverpool” (2009) é tentar não levar muito a sério possíveis elocubrações de como os fatos íntimos mostrados no filme podem ter influenciado a obra de John Lennon. Seria uma exercício muito pueril, afinal em termos temáticos a trama é detalhada de forma que beira o novelesco, naquele velho estilo exagerado de revelações e reviravoltas sobre podres domésticos e amorosos. Deixando de lado esses excessos melodramáticos, o forte desta produção britânica está mais na recriação temporal que faz do ambiente cultural inglês pré-Beatles. Uma Liverpool ensolarada é retratada de forma quase bucólica, como se um mundo imaginário de tranqüilidade estivesse próximo a se esfacelar perante a influência venenosa do rock e do rhythm and blues norte-americanos. Neste sentido, é fascinante observar como a música se insere dentro do mundo dos personagens, influenciando tanto seus temperamentos quanto o rumo de suas vidas. A trilha sonora de “O Garoto de Liverpool”, obviamente, tem papel fundamental em tal concepção, tanto na seleção das versões originais de canções emblemáticas da época quanto nas regravações dos temas que representavam os primeiros esforços das bandas embrionárias que deram origem aos Beatles. Para fãs ou não do quarteto mais famoso da história do rock, é uma obra que tem um certo caráter revelador no quesito musical.
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