Em “Planeta Terror” (2007), sua contribuição no projeto “Grindhouse”, o cineasta Robert Rodriguez conseguia fazer sua homenagem ao gênero exploitation usando uma série de recursos estéticos, sem abdicar, contudo, de oferecer uma narrativa cinematográfica que conquistava pela tensão e pela ambientação ironicamente sórdida. Espécie de continuação dessa viagem conceitual de Rodriguez, “Machete” (2010) acaba se revelando uma produção bem inferior ao seu predecessor. Talvez o grande equívoco do diretor no filme esteja no fato de que a sua emulação de uma forma de filmar na linha exploitation tenha resultado num filme mal dirigido de forma proposital. Ou seja, um trash consentido (o que por si só já é um grande contra-senso). Assim, tem-se uma montagem que parece ter sido feita com um facão, além de sequências de ação encenadas e editadas em um nível que beira o amador, o que é decepcionante quando se sabe que Rodriguez já se mostrou em outras oportunidades (“El Mariachi”, “A Balada do Pistoleiro”, “Sin City”) um diretor com boa mão para o gênero de aventura. É claro que há idiossincrasias que geram algum interesse para os cinéfilos em geral, como a violência cartunesca, a escalação do “feio, sujo e malvado” Danny Trejo como protagonista (e consequente herói e galã) e um elenco mais que esquisito formado por medalhões (Robert De Niro), canastrões decadentes (Don Johnson, Steve Segal, Jeff Fahey), beldades hollywoodianas (Jessica Alba, Lindsay Lohan) e tipos esquisitos/cult (Tom Savini, Cheech Marin). No final das contas, entretanto, isso acaba refletindo a verdadeira natureza de “Machete”: idéias bem sacadas, mas muito mal desenvolvidas e executadas que geram uma obra enfadonha.
2 comentários:
"Canastrões decadentes (Don Johnson, Steve Segal, Jeff Fahey)"
Ofensa ao Don Johnson até aceito, mais por ignorância do que por desprezo ao ator, mas Seagal, apesar de canastrão, é um cara que fez filmes muito bons e ainda produz um cinema de ação barato, com pontos de interesse e raramente alguns acidentes cinematográficos de boa qualidade. Nada que chegue ao nível de "Fúria Mortal", sob a direção do John Flynn (seu grande filme, na minha opinião).
Jeff Fahey é um grande ator. Ele só não tem uma carreira mais forte por péssimas escolhas cinematográficas. O problema são suas escolhas, não as atuações.
Vale levar em conta que Fahey e Seagal são os pontos mais fortes do filme do Rodriguez.
http://www.youtube.com/watch?v=9KT5Hlzg-0A
Como se fazer um título aparecer!
Postar um comentário