Na ânsia de fazer um retrato sobre as relações humanas nos tempos modernos, “Medianeras” (2011) acaba tropeçando nas pernas pelo excesso de referências e auto-explicações. As narrações over dos personagens são explicativas demais, acabando por esvaziar as possíveis metáforas que poderiam ser feitas a partir da relação entre a rotinas solitárias dos mesmos personagens e as aparentes facilidades tecnológicas que os cercam. O diretor Gustavo Taretto acaba também caindo na armadilha de rechear a trama com citações visuais, canções e diálogos “espertos” que vinculam o filme a um particular universo pop contemporâneo – pode ser que tais recursos tragam uma possível identificação com uma parcela contemporânea da platéia que goste de tais referências, mas também dá ao filme uma atmosfera datada e pouco orgânica. Por vezes, tais escolhas estéticas surtem algum efeito, principalmente aos criarem uma ambiência opressiva que sugere um clima de pesadelo que oscila entre o irônico e o angustiante. Em outras oportunidades, entretanto, o jogo entre o cômico e o dramático fica mal costurado, tornando a narrativa de “Medianeras” um tanto amorfa. No final das contas, pode-se sair da sala de cinema com a impressão de ter visto uma versão portenha de “O Fabuloso Mundo de Amelie Poulain” (2001).
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