terça-feira, outubro 11, 2011

Subterrâneos, de José Eduardo Belmonte **1/2



O cinema do diretor José Eduardo Belmonte sempre foi conturbado. Sua concepção formal sugere uma espécie de colapso no olhar, de narrativa fragmentada e enquadramentos que oscilam entre o tradicional e o documental. Tal estilo de filmar se mostra em sintonia com a própria natureza das tramas de Belmonte: a sociedade em colapso ético, personagens confusos e sem rumo que só encontram alguma possível saída no desafio confuso perante a ordem moral e legal. “Subterrâneos” (2004), primeira obra dirigida por Belmonte, evidencia boa parte dessas características particulares do cineasta, mas só que de forma bastante rascunhada. Assim, os excessos imperam: câmera de movimentos atribulados constantes, profusão de diálogos existencialistas, montagem que simula um vídeo amador, personagens cheio de conflitos (mas cujas origens temos apenas uma vaga idéia). Se por vezes fascina, essa demasia de ideias e referências também torna “Suberrâneos” irritante em outros momentos. De qualquer, a cinematografia de Belmonte prima pelo sensorial – é provável que encher o saco da platéia também faça parte de suas intenções.

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