Em termos de cinema nacional recente, são raras as produções que trazem o grau de refinamento estético e temático de “Meu País” (2011). Nesse último quesito, o filme trafega em uma linha perigosa, ao abordar questões que geralmente tem a tendência a cair no sentimentalismo excessivo. No caso da produção do diretor André Ristum, entretanto, adota-se uma linha contida, em que a emoção flui com mais sutileza e naturalidade, privilegiando-se uma construção dramática detalhista para situações e personagens, mas sem apelar para explicações em demasia e ressaltando mais o poder sugestivo do roteiro. Ristum também soube se apoiar num time competente de colaboradores. A direção de fotografia apresenta nuances expressivas, indo de registros de iluminação naturalista, como se simulasse algum vídeo familiar, até o progressivo esbranquecimento total das imagens da tomada final do filme, a sugerir uma espécie de fusão entre o real e o onírico. Já a trilha sonora evoca uma insólita sensação de atemporalidade para o filme, o que está em precisa sintonia com a trama do filme, em que um passado de conflitos pessoais mal explicados sempre se insinua no presente. O elenco de “Meus País”, no geral, também se mostra nessa mesma sintonia de discrição, com destaque para as interpretações de Rodrigo Santoro, Cauã Raymond e Paulo José que trazem um enfoque que foge do ostensivo, valorizando com sabedoria os silêncios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário