Em seus últimos filmes, o diretor Domingos de Oliveira tem adotado uma maneira bastante livre de formar, onde o cuidado formal nem sempre é o mais esmerado e o foco principal se concentra na temática em si. Se em algumas obras tal abordagem resulta em estilo inquietante e criativo, em outras as soluções encontradas resvalam na indulgência. “Todo Mundo Tem Problemas Sexuais” (2008) é uma precisa síntese do estado atual da arte de Oliveira. Nascido originalmente como uma peça teatral, o filme não esconde sua gênese. Pelo contrário: o autor mistura na narrativa, sem cerimônias, diferentes formas de encenação para cada um dos episódios que compõem a produção – dramatização cinematográfica, encenação teatral e até mesmo ensaio entre os atores. A utilização de recursos típicos da dramaturgia, de fortes tons anti-naturalistas, não impede que o filme apresente concepções ousadas de cinema, principalmente pela dinâmica de sua montagem e por enquadramentos insólitos. A multiplicidade de estéticas se expande também para a natureza da visão de Oliveira sobre o conteúdo principal de “Todo Mundo Tem Problemas Sexuais”: o sexo. Assim, o roteiro varia de forma vertiginosa entre imprecações intelectuais eruditas, filosofia de botequim, pastelão escrachado e dramaticidade rasgada. Para acompanhar esta muito pessoal trip, é fundamental a contribuição dos seus atores, com destaque para as composições cheias de nuances de Priscila Rozembaum e Pedro Cardoso.
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