A diretora Mara Mourão já tinha quase batido o recorde no gênero
documentário “chapa branca” em “Doutores da alegria” (2005), onde mostrava seu
marido Wellington Moreira, palhaço e coordenador de um projeto em que ele e
outros palhaços alegram crianças com câncer, quase como um santo. Pois agora em
“Quem se importa” ela se supera: novamente realiza uma obra destinada a
beatificar seus protagonistas, todos “ongueiros”
que se definem como empreendedores sociais, sendo que entre eles se encontra,
ora veja, Wellington Moreira! Se o discurso político do filme é altamente
questionável (algo na linha “políticos, governos e Estado não fazem nada, o negócio
é a iniciativa privada fazer política social”), por outro lado a concepção estética-temática
de “Quem se importa” é clara: é mais um exercício formal de propaganda
narcisista que faz lembrar um horário eleitoral estendido para o cinema. Como
cinema, o filme é asséptico e sem personalidade, fazendo pensar até que ponto o
politicamente correto pode chegar.
2 comentários:
Vivemos uma boa fase de bons documentários atualmente.
Bem, esse não é o caso de "Quem se importa".
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