terça-feira, dezembro 18, 2012

Kichiku: O banquete das bestas, de Kazuyoshi Kumakiri ***1/2


Há em “Kichiku: O banquete das bestas” (1997) o choque de duas diferentes abordagens para a mesma trama. Por um lado, o cineasta japonês Kazuyoshi Kumakiri concebe um cinema reflexivo, beirando o exasperante na construção psicológica de seus personagens. A narrativa é de um andamento lento, sufocante, não havendo espaço para uma empatia emocional com o que está havendo nas telas, e sempre realçando que algo trágico está na iminência de ocorrer. Predomina um distanciamento emocional – o mecanismo de relação entre os indivíduos se dá por elementos como a sexualidade opressiva, a traição, a frieza. Diante desse panorama desolador, Kumakiri insere noções surpreendentes de cinema gore, dignas das mais produções mais extremas no gênero horror. Assim, o cineasta não se furta a abusar da violência, do sangue e do escatológico em algumas das cenas mais memoráveis do filme. Toda essa brutalidade, gratuita ou não, acaba desenvolvendo uma estranha relação de coerência e complementação com a já aludida construção formal e temática de um drama psicológico, resultando numa obra distante dos padrões comerciais vigentes e não muito recomendada para aqueles de estômago fraco.

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