quarta-feira, dezembro 26, 2012

Moonrise Kingdom, de Wes Anderson ****


Na animação “O Fantástico Sr. Raposo” (2009), o diretor Wes Anderson enveredava pelo gênero da aventura juvenil de tom fabular, mas sem nunca perder o seu senso particular de cinema, pervertendo sutilmente alguns dos cânones inerentes a esse tipo de filme. Em “Moonrise Kingdom” (2012) ele volta a se aventurar na seara juvenil e consegue resultados ainda mais surpreendentes. Anderson é daquele tipo raro de cineasta que parece estar sempre fazendo a mesma coisa, mas que na realidade se mostra como um autor que a cada obra burila e aperfeiçoa o seu estilo. Nessa produção mais recente, ele propõe uma abordagem desconcertante com as suas soluções formais. Talvez esse seja o filme em que ele dá mais vazão ao seu virtuosismo estético – é só reparar na notável dinâmica narrativa imposta pelos seus sucessivos planos-sequências. A direção de fotografia também mostra um trabalho diferenciado no que diz respeito a enquadramentos que evocam uma deslumbrante dimensão pictórica para algumas sequências. A utilização da música em “Moonrise Kingdom” colabora mais ainda para esse tom de conto de fadas fora do tempo e do espaço (ainda que a trama se situe nos anos 60) que a produção evoca com constância – temas didáticos e canções sessentistas emblemáticas se complementam de forma inesperada e orgânica. Coroando tudo isso há a encenação preciosista de Anderson, em que a simples disposição dos atores e objetos em cena desempenham papel crucial na iconografia do diretor, além da caracterização genial do seu elenco – se por um lado a ala infantil é marcada por interpretações anti-naturalista e icônicas, por outro os atores adultos (principalmente pelo trio Bill Murray, Bruce Willis e Frances McDormand) enfoca o dramatismo melancólico, gerando um contraste impactante.

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